segunda-feira, 30 de maio de 2011

Interlúdio 01


     O Império de Dymond é imenso. É constituído por Três Domínios Élficos, o do Norte, o do Sul e o das Ilhas da Fúria; Quinze Clãs Nobres dos Possowry; e por Sete Reinos Antigos, os poderosos reinos dos homens, destruídos durante as Guerras Primitivas. Como historiador, viajei por quase todas estas terras. Como membro da corte, convivi com elfos, homens e possowry. Estudei com Heitor, e o vi tornar-se um dos mais brilhantes magos desde a vinda dos Quatro Filhos. Vi Lexis se tornar o mais jovem guerreiro a receber a graduação na Academia de Guerra Imperial. E eu acompanhei cada passo dos herdeiros. Teronk era o mais rígido dos professores, e isso sempre ressentiu um pouco Lexis, já que Rob era como um avô para Heitor.
     O tempo correu, sem dar espaço para que Tales descansasse. A guerra parecia iminente, sem chances de ser revertida. Notícias de que um exército gigantesco se formava atrás dos muros da Cidade Proibida, de que dragões haviam sido vistos em fazendas nas proximidades de Sykies, de que haviam espiões na corte, de que alguns Senhores das Cidades acabariam se aliando ao Rei Dragão. Os elfos permaneceram quietos, como é de sua natureza. E os Possowry fizeram orações como nunca, profetizaram o fim como nunca e receberam cada vez mais atenção. Os Templos Quadriculares se multiplicaram pelos três territórios do Império.
     Trabalhei por anos com meu pai, aprendendo o máximo que pude. Ele é um grande Cronista, possuí uma memória assustadora e um senso crítico igualmente aterrador. Enquanto eu estudo a história de tudo e todos, o mundo muda. Tenho quinze anos agora, e meu pai diz que sou um prodígio, que essa é uma era de prodígios, que nunca viu um guerreiro como Lexis, e muito menos um jovem dominar magia como Heitor faz. A vida no castelo é calma, mas basta sairmos para caçar, ou para visitar os Lords das Cidades para vermos que tem algo muito ruim se aproximando. Meu pai quer me levar junto com os príncipes para conhecer as terras dos elfos, mas não sei se estou preparado. Até hoje tenho medo de Teronk, embora a Rainha não me pareça perigosa. Não que eu acredite nas histórias que as pessoas contam a respeito do povo da floresta. Sim, eles vivem em árvores, mas são árvores milenares e poderosas. Apesar de o Império ser velho, isso não impede que algumas pessoas ainda tenham medo do "povo verde". Povo verde era o modo como os elfos eram chamado séculos atrás. Para eles era um elogio, para os humanos era algo do tipo, não desobedeça seu pai, ou o "povo verde" vem te buscar.
     Meu pai se esforça bastante pra fazer com que eu e os príncipes nos tornemos amigos, acho que devido a amizade dele com o Imperador. Heitor corresponde bem, ele é quase melhor do que eu em história, então temos alguma amizade. Mas Lexis me odeia. Ele me faz ajudá-lo com suas tarefas, me faz llimpar suas botas, me faz mentir sobre seu paradeiro. Meu pai diz que ele confia em mim, mas não sou tão estúpido assim.
Não sei do que se trata a viajem até o território elfo, mas deve ser importante. Não me contaram nada, e o aprendiz de cronista sempre sabe de todos os lances políticos do Império. Sei que haverá algum tipo de reunião com todos os Lords das Cidades, com os chefes dos clãs Possowry e com os Domínios elfos. O medo dos dragões está cada vez pior. Se alguém avistasse algum, morreria de susto antes de ser atacado. Eu não os temo. Desde que li sobre os Quatro Filhos, tenho até pena de Metratom. O que ele fez foi errado, tentar dominar os outros povos, mas estar trancado em sua própria fortaleza para sempre deve ter feito dele a pior das criaturas. Que os Quatro nos defendam se algum dia ele encontrar uma forma de se libertar.

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